> Roccana Poesias: 11/2005

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"Poesia traz vertigens. Ora cruel, ora leve, ela é desnuda."

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14.11.05

Essência

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E
NFIMSÓSIMPLESMENTEEUNÚCLEOCONFUSOINTIMOARDENTE
SÓSIMPLESMENTEEUNÚCLEOCONFUSOINTIMOARDENTE
SIMPLESMENTEEUNÚCLEOCONFUSOINTIMOARDENTE
EUNÚCLEOCONFUSOINTIMOARDENTE
NÚCLEOCONFUSOINTIMOARDENTE
CONFUSOINTIMOARDENTE
INTIMOARDENTE
ARDENTE
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13.11.05

Lembranças

lembro da palavra não dita
de cada promessa calada
de cada abraço negado
minha pele anestesiada
do teu corpo que não tive
do meu verso não rimado
de toda a beleza escondida
segredo não revelado
lembro de cada manhã
que não vi teu despertar
de cada cama desfeita
sem meu sono repousar
dos teus olhos sem me ver
minhas mãos sem te tocar
do amor que não fizemos
do que não ousei arriscar
dos sonhos que não sonhei
dos livros que nunca li
das vezes que não te excitei
a roupa que nunca despi
lembro do gosto do beijo
que a minha boca não sentiu
lembro até da despedida
de quem veio e não partiu

Simplesmente

Se tudo anda sem graça
Se o luar já não me encanta
Se chove manso lá fora
E tem teu sol aqui dentro
Se não vejo mais saída
Se teu olhar não me alcança
Se tudo anda tão esquisito
E se já não me reconheço
Se o vento vem de tão longe
Se não quero mais teu beijo
Se te busco e não te encontro
Se me perco no caminho
Se me viro pelo avesso
Se me dano e se me rendo
Se o filme é sem enredo
E se o final é sem sentido
Se meus olhos já não brilham
Se tua luz não me ilumina
Se o sonho é preto e branco
Se a saudade é dolorida
Se a dor é consentida
Se o tormento vem de dentro
Se te arranho e te machuco
E se lambo a tua ferida
Simplesmente é porque tudo
Se confunde em minha vida

10.11.05

Trocadilho

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Existe uma saudade nua uma existência nula uma vontade doce um jeito de andar uma tristeza cama uma chuva rápida vem um vento norte num lugar lilás tem um toque lento um prazer doído uma renda preta uma solidão um quarto vazio uma viagem estanque um sabor morango nosso amor no chão um papel parede um relógio antigo um país distante um som familiar uma fresta estranha uma fruta verde uma flor de lis um gosto de chá um amor perfeito uma folha de livro uma anotação no canto um cheiro de sangue os meus pés no ar uma praia deserta uma lua cheia estrela do mar


E uma saudade lua uma existência branca uma vontade nua um jeito de amar uma tristeza estranha uma chuva estanque vem um vento doce num lugar do mar um toque familiar um prazer no chão uma renda antiga uma solidão um quarto perfeito uma viagem cama um sabor de sangue nosso amor no ar um papel de livro um relógio lento um país sem cama um som de parede uma fresta preta uma fruta rápida um gosto de lis uma flor deserta um amor vazio uma folha de chá uma anotação um cheiro de verde os meus pés no mar uma roupa nula uma praia distante uma lua doce estrela lilás
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Monotonia

todo dia sinto tudo igual
sempre a mesma saudade
sempre a mesma cara no espelho
o mesmo barulho do relógio
a mesma notícia na tv
todo dia te querer
sempre a mesma vontade
sempre a mesma verdade,
a mesma música tocando
a mesma e repetida sensação de não te ter
tudo tão óbvio
tão sem possibilidade de mudar
que nem sei como se repetem os dias
as cores, as fomes, os cheiros
nem sei mais como me suporto
como me repito
como me respiro
como me refaço