> Roccana Poesias: 02/2006

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"Poesia traz vertigens. Ora cruel, ora leve, ela é desnuda."

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13.2.06

Seiva e sangue

se meu corpo verte sangue e chora
é porque sou natureza
seiva que de mim escorre - inútil
agora que é passado
o tempo de florir

se meu corpo verte sangue agora
é porque existe em mim
data marcada
ritmo e fluxo
qual maré embalada pela lua

se meu corpo verte sangue, enfim
é porque é chegada a hora de me ver
simplesmente
em crua, misteriosa e nua
purificação

Só assim

se você me adivinha
me saca
me sabe
se você se antecipa
me prevê
me conhece
assim
como a palma de sua mão
então pára com isso
de se fazer de desentendido
de fingir que não ta vendo
porque não vou acreditar
e se eu duvidar
você vai ter que me provar
que me adivinha
que me conhece
e que me tem
então, só aí, nesse momento
te dou a mão a palmatória

8.2.06

Regeneração

Caminho a teu lado
Navego tua rota
Viajo sem volta
Revejo o trajeto
Lamento o meu erro
Disfarço a tua cara
Provoco o desejo
Me espanta tua ira
Me lanço no escuro
Adio as mudanças
Defino meus álibis
Planejo meu crime
Escondo tuas provas
Te vejo no espelho
Revejo tua pele
Desejo tua fome
Suporto minha sede
Engulo meu pranto
Rumino teu medo
Desisto de tudo

Caminho no espelho
Navego teu medo
Viajo tua fome
Revejo meu crime
Lamento tua rota
Disfarço minha sede
Provoco tua pele
Me espanto a teu lado
Me lanço do nada
Adio meu erro
Defino o trajeto
Planejo as mudanças
Escondo meu pranto
Te vejo no escuro
Revejo meus álibis
Desejo tua ira
Suporto o desejo
Engulo o que sinto
Rumino a tua cara
Desisto de tudo

Te ter

Te amar me liberta
Me joga pra vida
Rompe amarras
Me dá coragem
Me inspira

Te desejar me faz
Sensibilidade pura
Encantamento, suor
Instinto, pele
Me atiça

Te querer me anima
Me descortina
Mil possibilidades
Trajetos, Projetos
Me ilumina

Te ter por perto
Me deixa em paz
Porto seguro, lar
Abraço amigo
Me acalma

Lavras do Sul



Lá, na casa da minha infância
As coisas pareciam eternas
Vidraças por onde eu via a cidade
Repetição de dias tão iguais
Aromas, muros, terra molhada
Sons e sombras embaixo dos parreirais

Dentro de mim ainda mora aquela menina
Onde me escondo, às vezes

Silêncio nas noites de fantasmas
Universo de inquietude e solidão
Lá ainda mora uma parte escondida de mim

Chega

cansei, enjoei,
não te quero mais
não faz sentido
não tem por que
não preciso disso
nem daquilo
não te quero assim
nem assado
nem vem
que não tem