> Roccana Poesias: 06/2005

*

.
.

"Poesia traz vertigens. Ora cruel, ora leve, ela é desnuda."

.
.

6.6.05

Meninas

Meninas bonitas não falam coisas feias
Meninas bonitas não fazem nada errado
Nem sequer pensam em coisas proibidas
Que é para tornarem-se senhoras distintas
De comportamento ilibado e gestos elegantes
De sentir limitado e atitudes contidas
Tendo em mente que devem sempre dizer não

Meninas bonitas sentam-se à mesa
Mastigam de boca fechada as suas dúvidas
Meninas comportadas não fazem perguntas
Que é para tornarem-se senhoras sem respostas
De portas fechadas, armários arrumados,
Roupas discretas, peles desbotadas
Plantas regadas e vidas ressecadas

Meninas educadas falam em voz baixa
Tem hora pra voltar pra casa
E não conversam com estranhos
Que é para tornarem-se senhoras discretas
Que não falam o que sentem e sentem culpa
E sentem dores nas costas e sentem medo
E permanecem sentadas, mastigando de boca fechada

4.6.05

TPM da Terra

Terra Planeta Mulher
Terra Planeta Molhado
Terra Planeta Misterioso
Terra Planeta Mestiço
Terra Planeta Mendigo
Terra Planeta Machucado

#

Não dá pra ser autor e censor!!!!

2.6.05

Ser

mulher que sangra, que singra, que sofre, que sina!
mulher do vento, do tempo, do medo, da alma
mulher da terra, da seiva, da luta, da vida
mulher que chora, que chora, que chora, que ora...

1.6.05

Padecer no paraíso?

Não concordo quando falam os poetas e os filósofos e pensadores q o amor de mãe é puro, perfeito, sublime... Amor de mãe é difícil, suado, árduo, brigão, ranzinza, visceral, instintivo, complicado! Porque é feito de pele, contato, de repetição, convivência diária, implicâncias cotidianas... Não quero ser a super mãe, nem a mãe do ano, nem a mãe perfeita, nem a mãe-melhor-amiga!!
Quando procuro em mim aquele amor desvelado de que falam os poetas e não acho... Que alívio!! Porque meu amor é só um amor... Imenso, interminável, indescritível, mas acima de tudo, leve... Bom de sentir e de “carregar” pelo resto da vida!!...