> Roccana Poesias: 05/2006

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"Poesia traz vertigens. Ora cruel, ora leve, ela é desnuda."

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26.5.06

Sede

se transbordo em lágrimas e suor
se me liquefaço em teus lençóis de areia
se minha boca te umedece
se verto água para aplacar a tua sede
como uma nascente farta e me derramo em ti,
areia do meu deserto,
calor que teima em arder em mim
é porque também em mim transbordas
como rio, fluxo, vertente que sacia
também sou areia incandescente,
se em mim não chega tua chuva
somos água que mata a sede um do outro
e sol que queima, aridez e solidão

19.5.06

Viagens

Leio nos teus olhos
O que não ousas dizer
Nas palavras
Ou será que me engano
E não revelo
O que em ti se esconde?
Ou será que há uma intenção
Não declarada
E que apenas se insinua
No teu gesto,
No teu sorriso e na
Tua disponibilidade?
Não decifro tua cara
Mas percebo que te excito
Confundem-me tuas auras
Tuas cores, tuas mágicas
Me encontro em teus delírios
Viajo nas tuas idéias
Embarco na tua loucura
Me vejo representando
Uma personagem
Que, se existia em mim,
Estava, há séculos, trancafiada
E, agora, ensandecida,
Teima em se revelar
Como num filme cheio de climas
De cenas, de sacanagem
Sem começo, meio ou fim
Sem sentido, sem enredo, sem nexo
São viagens irreais, mas devastadoras
Sensações que me deixam assim
Entregue, suada, exausta
Mas nunca saciada

16.5.06

Novos tempos

ah, a liberdade!
(ainda que tardia)
a delícia das manhãs
com sol
as longas tardes
sem horas marcadas
e as noites
de descobertas...

Hoje

várias palavras e rimas
vários sentimentos e versos
mas nada virou poesia
só o dia