> Roccana Poesias: 10/2005

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"Poesia traz vertigens. Ora cruel, ora leve, ela é desnuda."

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13.10.05

Quero não querer

quero te bater quero te morder quero te expulsar nunca mais te ver não te desejar não te ansiar não te escutar não me entender quero te excluir e te deletar quero me danar quero anoitecer quero te esquecer nunca mais querer não me torturar nunca mais arder quero caminhar sem olhar pra trás quero me perder nunca mais me achar nunca acreditar nunca suspeitar nunca mais sonhar que vou ter você

1.10.05

Só uma dor

Uma dor não sei de onde me sangra a alma mas é estranhamente bem vinda. É uma dor sem nome e sem motivo. Mas faz sentido. É uma dor de quem sente saudades. É uma dor de quem não sabe perdoar. É uma dor de quem não deseja ser perdoado. É uma dor ardida como só sabe ser a dor de amor - mas amor não dói. É uma dor de ferida que não sabe cicatrizar. É uma vontade não sei do que uma falta não sei da onde uma saudade não sei de quem e um soluço que sempre se esconde. É uma dor que sufoca. Uma dor que não se explica. Uma dor que não tem hora pra acabar.

A chuva

chuva na janela barulho do vento
quietude na casa silêncio na alma
espreito lá fora a folha que dança
e sinto o cheiro da terra molhada
vejo o menino passar distraído e
o tempo que segue sem hora marcada
me vejo menina olhando na chuva o
barco de papel a naufragar na calçada
chuva na janela barulho do vento
quietude no pranto silêncio me acalma
espreito lá fora o tempo que dança
e sinto saudades de tudo e de nada