> Roccana Poesias: 06/2007

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"Poesia traz vertigens. Ora cruel, ora leve, ela é desnuda."

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22.6.07

Sinto

tua mão delineando meu rosto
os teus dedos
percorrendo suavemente
meus olhos fechados
e meu perfil

é o teu toque
reconhecendo a minha boca
minha pele
e minha alma

Vergonha!

assim, do nada...
ele pegou um papel
e começou a ler...
eram minhas palavras
ditas por ele
meus versos
falados assim
pausadamente
como se tirasse a minha roupa
eu
ali
nua
crua
e rubra

O que sou

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sou apenas uma versão dos fatos
um ponto de vista
uma idéia que surgiu, de repente
sou só uma possibilidade
o lado de cá da rua
um reflexo na vitrine
sou um livro na estante
que não encontra tempo pra ser lido
sou janela aberta, na manhã
folha carregada pelo vento
pingos de chuva molhando a terra
e trazendo o cheiro de infância, no ar
não quero ser mais do que isso
invenção de mim, intuição, crença
sentimento e instinto
enfrentamento e pé no chão
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