> Roccana Poesias: 04/2006

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"Poesia traz vertigens. Ora cruel, ora leve, ela é desnuda."

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19.4.06

Incontido

meus olhos te beijam lentamente e ardo em febre delírio calor e dor tento entender o drama o fogo a cama tento conter o que se derrama em mim o peso do teu corpo o cheiro do teu corpo o gosto do teu corpo tento abafar ruídos e suspiros e sons e gemidos que seja calmo que seja lento que seja doce tento adiar o drama o fogo a cama inútil impossível impensável entender ou conter abafar ou adiar o que não se explica o que não se acaba o que não tem cura o que deixa marcas o que me domina o que me sacia o que me completa e perdida em sonhos tremor e febre meus olhos te beijam lentamente num olhar sem fim

6.4.06

Levito

quando, enfim,
deito ao teu lado,
levito
e evito te tocar
fico assim, imóvel
o meu corpo nem é meu
o teu corpo nem é teu
é tudo tempo
é tudo dança
é tudo alma
é tudo calma
agora
que o amor se fez